Os dados sobre Leitura no Brasil são escassos e inconsistentes. Mesmo assim, apontam para uma situação dramática. Segundo pesquisa do Instituto Pró-Livro, o brasileiro lê, em média, 1,3 livro por ano. Em 2007 éramos 77 milhões de pessoas que não liam e 21 milhões de analfabetos. A pesquisa também revelou a enorme concentração de livros: 66% estão nas mãos de apenas 20% da população, ao passo que 8% desta não têm nenhum livro em casa, e 4%, somente um. Os mesmos dados indicam que nossos estudantes, mesmo os de curso superior, leem apenas dois livros por ano, enquanto na França esse número chega a oito, na Inglaterra a nove, e nos Estados Unidos a dez.
Já Galeno Amorim, presidente da Biblioteca Nacional, diz que os brasileiros leem 4,7 livros por habitante. O que é bem melhor do que o número apontado pelo Instituto Pró-Livro. Sem conhecer o retrato fiel da leitura de livros no Brasil, temos que recorrer a outra mídia para saber mais. Em um país de quase 200 milhões de pessoas, a circulação média de jornais por dia não atinge 5 milhões de exemplares. Mais precisamente: 4.314.425 exemplares. O resultado é de 2010 e representa um acréscimo de 2% na circulação total em comparação com o ano anterior. Os dados são do IVC (Instituto Verificador de Circulação).
Para piorar, no ranking dos mais lidos vemos que pelo menos a metade apresenta qualidade editorial, digamos, inconsistente. E os tradicionais “jornalões” terminam sendo das cidades de sempre: Rio, São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre. Aparecem ainda, entre os mais vendidos, jornais de Vitória, Manaus, Goiânia e Salvador, sendo que apenas em Vitória e Salvador são jornais tradicionais. Brasília, a capital da República, está na 20ª posição, como Correio Braziliense com circulação média de 57 mil exemplares, o que é risível para sua população de 2 milhões de habitantes. O Jornal de Brasília sequer foi ranqueado.
Aparentemente, o Rio de Janeiro lê mais do que São Paulo. A circulação de jornais cariocas (O Globo, Extra, Meia Hora, Lance, Expresso eO Dia), entre os 20mais do país, ultrapassa em alguns milhares os jornais de São Paulo (Folha, Estadão, Agora e O Amarelinho). Os números do IVC representam um triste retrato do fluxo de informação no Brasil.O brasileiro lê pouco e mal. A internet, tal qual colocada, também não representa um grande avanço em termos de qualidade de informação.
Os dados sobre as revistas também não são estimulantes. Em 2009, a circulação atingiu 442 milhões de exemplares – lembrando que em 2001 chegamos a ter 454 milhões de exemplares em circulação. Em 2009 houve discreta recuperação em relação ao ano anterior. Mesmo assim, os números são modestos.
O caminho para melhorar a leitura no Brasil e almejar um fluxo mais qualificado e intenso de informações é a educação. Apenas com melhor educação teremos melhor e mais leitura, e vice-versa. É um círculo virtuoso ou vicioso, de acordo com a existência ou não do hábito de leitura e da qualidade do que se lê.
Murillo de Aragão é cientista político e presidente da Arko Advice Pesquisas e Conselheiro do CDES,
Publicado no Brasil Econômico
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